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Rupestres Sonoros: o canto dos povos da floresta (Amazônia)

Em um quarto apertado de um hotel sem nenhum luxo, em Ji Paraná (RO), na Amazônia, sete cantoras se debruçam sobre letras indígenas que são costuradas pelos sons tirados pelos músicos da banda. Nos quinze dias que se seguirão, o grupo Mawaca e seis etnias indígenas de três estados do Norte irão protagonizar um encontro que parecia improvável.

Músicos e índios se reunirão em oficinas musicais e apresentações em público, com um repertório de canções e batidas minimalistas de uma gente que só aparece em notícias de disputas de terras ou em estereotipados capítulos de livros didáticos.

Assim foi o clima de um dos momentos mais marcantes dos 25 anos da carreira do Mawaca.

Na bagagem, os músicos e cantoras levavam o repertório de ‘Rupestres Sonoros – O canto dos povos da floresta’,  trabalho de 2009 que envereda por uma arqueologia musical e reúne pinturas rupestres do Brasil e arranjos contemporâneos para canções tradicionais de indígenas brasileiros.

No repertório do CD, músicas dos povos Paiter Suruí (Rondônia); dos Kayapó do Xingu; dos Pakaa Nova de Rondônia; dos Huni-Kuin (Acre), Txucarramãe do Xingu, entre outras. CONFIRA PLAYLIST NO YOUTUBE

“É como fazer uma tradução daquele som que causa certa estranheza para quem não está acostumado com essas referências musicais indígenas”, explica Magda Pucci, diretora e fundadora do Mawaca.

Saiba mais sobre a turnê do Mawaca na Amazônia

Com produção de Xuxa Levy e Paulo Bira, ‘Rupestres Sonoros’ busca conexões entre a arte rupestre e os indígenas, “a partir de seu universo simbólico e artístico, entendendo que o homem pré-histórico daqui é o índio que dança, que faz seus rituais, que participa de festas, que caça, que bebe chicha…”.

Durante as duas semanas da turnê, a banda esteve na Amazônia brasileira. Mais do que apresentações em teatros locais, a experiência foi um intercâmbio com grupos indígenas de Rondônia, Acre e Amazonas, como os Huni-Kuin, Paiter Surui, Kambeba, Karitiana, Ikolen-Gavião e a Comunidade Bayaroá.

Para esse trabalho, Magda recolheu diversas canções indígenas da região, além de registros de antropólogos e etnomusicólogos, como Darcy Ribeiro, os Irmãos Villas Boas e gravações de campo de Betty Mindlin.

“Eu fui selecionando um repertório que eu considerava, musicalmente, bonito (…) para as pessoas ouvirem fora do contexto dos rituais indígenas”, explica a fundadora do Mawaca, quem também fez os arranjos das canções de ‘Rupestres Sonoros’.

No documentário ‘Cantos da Floresta’, com produção e direção de Eduardo Pimenta, você conhece mais sobre essa viagem musical por terras indígenas do Brasil.

Ouça esta e outras canções do Mawaca nas redes de streamingSpotifyDeezer e Google Play Music.

* texto: Eduardo Vessoni

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