MAWACA
A pluralidade étnica característica do repertório do MAWACA começa com a escolha de seu nome. Em 1995, quando procurava um termo que definisse o espírito daquele projeto musical que estava por vir, a diretora musical Magda Pucci encontrou estampada no The New Oxford Companion to Music a palavra mawaka (com “k”) que, na língua Hausa, significa cantores.
Para essa etnia do norte da Nigéria, mawaka designa os músicos que recorrem ao poder mágico da palavra cantada para atrair a força dos espíritos. Waka é um tipo de poema cantado que tem valor sagrado entre os Hausa e ma, aquele que interpreta o poema. A junção das duas palavras dá origem a essa categoria musical na Nigéria muçulmana entoada por aqueles que vão às casas das pessoas para curá-las de males ou problemas financeiros (sempre em forma de cantos).
No entanto, a escolha de um termo africano poderia limitar a imagem do grupo, cujo repertório não se restringe a músicas do continente negro. As pesquisas seguiram e Magda descobriu que aquele termo do norte da Nigéria apontava para diversas outras culturas.
Na América Latina hispânica, Umawak’a é o lugar sagrado das águas andinas. No norte da Argentina, há a famosa Quebrada de Humahuaca, um vale estreito e montanhoso de 155 km de extensão que serviu de rota para caravanas do Império Inca no século XV, na província de Jujuy.
Também em nosso continente, a palavra Amawaca (ou Amahuaca) aparece para designar o povo indígena que vive na fronteira com o Peru, às margens do Orinoco. Já os índios Mehinaku do Xingu acreditam que ‘waka’ são os mensageiros entre as aldeias.
Na língua japonesa, pode ser interpretado como canto sagrado, canto em harmonia ou porta para a criação da arte de fazer poemas.
Diante de tantos significados e possibilidades linguísticas, o grupo troca o “k” pelo “c”, abrasileirando a grafia do termo, e firma seu nome definitivo MAWACA com o desejo de que todos esses sentidos inspirem sua música.