[dropcap]E[/dropcap]m 2016, o Mawaca comemora 21 (intensos) anos de carreira e, em mais de duas décadas, o mundo pareceu não ter barreiras (musicais, geográficos e de idiomas).
Desde que gravou seu primeiro álbum, em 1998, o Mawaca já cantou em mais de 20 línguas; apresentou-se no Rock in Rio, em 2001; apresentou-se no Theatro Municipal de São Paulo com a cantora portuguesa Né Ladeiras e Orquestra; fez a trilha sonora do espetáculo Os Lusíadas, de Camões, dirigido por Ruth Escobar; e realizou shows na Amazônia brasileira, Bolívia, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Grécia e China.
Em 21 anos, gravou sete álbuns e quatro DVDs, e cantou em línguas como búlgaro, finlandês, japonês, mandarim, ladino, grego, idiche e suaíli. O repertório do grupo é formado por músicas de tradições mediterrâneas, balcânicas, africanas, japonesas, chinesas, resultado da extensa pesquisa realizada pela arranjadora e diretora musical do grupo Magda Pucci.
São temas ancestrais que possibilitam a pesquisa de sonoridades múltiplas revelando as características étnicas locais. buscando sempre estabelecer inter-relações com a música brasileira.
Com arranjos inovadores e criativos, o Mawaca apresenta uma música vibrante, pérolas do repertório mundial que foram transmitidas de geração em geração pela tradição oral.
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AS CANTORAS
O Mawaca é formado por um grupo vocal de sete cantoras que são acompanhadas por um variado instrumental acústico.
Conheça as vozes do Mawaca:
Magda Pucci
Formada em Composição e Regência pela ECA-USP e em música popular pelo Espaço Musical e Manhattan School of Music de Nova York, Magda Pucci é líder do grupo Mawaca.
Atuou como autora de trilhas sonoras e intérprete (piano e voz); participou de montagens teatrais do grupo Teatro da Vertigem;’ O Médico e o Monstro’, dirigida por Marco Nanini; ‘Bissolândia’, com Patrício Bisso; e também trabalhou no CPT (Centro de Pesquisa Teatral do SESC). SAIBA MAIS
Angélica Leutwiller
No Mawaca desde 1997, Angélica já gravou quatro CDs e dois DVDs com o grupo e realiza estudos sobre pandeiros xamânicos.
Formada em Educação Artística com habilitação em Música pela UNESP, essa cantora trabalhou em espetáculos como ‘A Vida é Sonho’, protagonizada pela atriz Regina Duarte e dirigida por Gabriel Villela, e é integrante do Coral da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) desde sua fundação, em 1994. SAIBA MAIS
Christina Guiçá
Formada em Música pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Christina Guiçá atua como cantora, atriz, compositora e violonista desde 1984.
Participou de vários espetáculos teatrais e musicais como ‘Variações Sobre o Tema Hamlet’ de William Shakespeare (direção de William Pereira); ‘Acordes Celestinos’ (direção e texto de José Rubens Chachá); ‘A Vida é Sonho’ (de Calderón de La Barca) e ‘Morte e Vida Severina’ (de João Cabral de Melo Neto), as duas últimas sob a direção de Gabriel Villela. SAIBA MAIS
Cris Miguel
Formada em música pela Faculdade de Artes do Paraná, Cris Miguel é atriz, acordeonista, cantora e dançarina.
No Mawaca desde 1997, Cris Miguel já estudou danças árabe, cigana, flamenca, afro e danças circulares. É especialista em Odissi, dança clássica indiana, fundou a ‘Cia Ópera na Mala’, premiada companhia de espetáculos infantis, e é uma das fundadoras do programa infantil ‘Baú de Histórias’, exibido nos canais Cultura e Rá Tim Bum. SAIBA MAIS
Zuzu Leiva
Bacharel em Comunicação Social pela FAAP e atriz formada pelo Teatro Escola Macunaíma, Zuzu estudou cantos popular e indiano, e danças étnicas.
Na TV, trabalhou em “Aquarela do Brasil” (direção de Jayme Monjardim), “A Festa do Nono” e “A Diarista” (José Alvarenga), e “Retrato falado” (Luiz Villaça), na Rede Globo. No teatro, atuou nos espetáculos “Péricles, o Príncipe de Tiro” e “Macbeth” (direção: Ulysses Cruz); “Os Lusíadas”; “Os Sete Gatinhos” (Alexandre Reinecke); e “O Coração Abandonado pelo Budha” (texto e direção de Leo Lama), entre outros. SAIBA MAIS
Sandra Oak
Formada no Teatro Escola Célia Helena e graduada em Canto Popular pela Universidade Livre de Música e em Educação Artística, com habilitação em Música, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Sandra trabalhou em diversos espetáculos adultos e infantis como atriz e cantora.
Lecionou teatro e música em escolas particulares de São Paulo e é especialista em musicalização para bebês com diversos profissionais. SAIBA MAIS
Rita Braga
Estudou música na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, participando do madrigal da escola. Também cantou no Coral de Jazz da Universidade Livre de Música, onde fez aulas de canto erudito e popular, e estudou canto com o professor e fonoaudiólogo Juvenal de Moura.
Em 2010 foi convidada a participar do CD Canção do Amor Demais, que se trata de uma releitura do álbum homônimo de 1958 que inaugura a bossa nova com canções de Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, interpretado originalmente por Elisete Cardoso. Os arranjos são de Dino Barioni, produção de Guga Stroeter e músicos da HB Jazz Combo. SAIBA MAIS
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As cantoras do Mawaca são acompanhadas por um grupo instrumental acústico formado por acordeom, violoncelo, flauta e sax soprano, contrabaixo, além dos instrumentos de percussão como as tablas indianas, derbak árabe, djembé africano, berimbau, vibrafone, pandeirões do Maranhão.acordeom, violoncelo, flauta, sax, hulusi, sax tenor, contrabaixo e um set de percussão étnico de frames drums, vibrafone, djembé, tablas, congas e cajón.
Com arranjos inovadores e criativos, o grupo apresenta uma música vibrante, pérolas do repertório mundial que foram transmitidas de geração em geração pela tradição oral.
As transcrições e arranjos desses temas ancestrais são realizados por Magda Pucci que, além de desenvolver a pesquisa de repertório, é também responsável pela direção musical do grupo.
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OS MÚSICOS
Ana Eliza Colomar
Bacharel em Letras pela USP, Ana Eliza completou seus estudos na Escola Municipal de Música de São Paulo, onde estudou violoncelo, flauta, harmonia e contraponto com professores como Zygmunt Kubala, Ricardo Fukuda, Loren Andersen e outros.
Além de participar de grupos como ‘Dedo de Moça’ e ‘Pedra Branca’, Ana Eliza acompanhou artistas como o cantor Edson Cordeiro, com participação de Ney Matogrosso; a cantora Fortuna em turnês e gravação de CDs; Rita Ribeiro, Misty, Susie Mathias, Grupo Bojo, Thiago Pethit, Tiê, entre outros. SAIBA MAIS
Armando Tibério
Iniciou sua vida profissional em 1975, acompanhando cantores como Adilson Godoy, Olmir Stocker, Valdir da Fonseca, Tom Zé, Dora Lopes, Lana Bitencourt, Márcia Maria, Silvia Maria, Maria Alcina, Martinha, Alaíde Costa, Rosemary, Glória Rios e Maíra. Participou também de grupos como Quarteto Bizarro, Pavilhão A, e Só de Passagem.
Desde 1979, participa ativamente do movimento de produção de discos independentes, entre eles Língua de Trapo, Tiago Araripe, Alcides Neves, Agents e a banda de Akira S. SAIBA MAIS
Gabriel Levy
Acordeonista, arranjador, compositor, educador e produtor musical, Gabriel Levy tem uma formação eclética voltada tanto para a música erudita como para música popular.
Tem se dedicado à world music e à musica instrumental como compositor e multi-instrumentista, atuando em diversas turnês internacionais, incluindo Portugal, França, Espanha, Inglaterra, Suíça, Alemanha, El Salvador, Venezuela, Bolívia, Japão, China, etc. SAIBA MAIS
Ramiro Marques
Estudou na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, em São Paulo, e UNESP – Universidade Estadual Paulista. Aperfeiçoou seus estudos de saxofone com os professores Eduardo Pecci (Lambari), Nailor Azevedo (Proveta) e Roberto Sion.
Desde 1989, pertence ao naipe de saxofones da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, organismo internacionalmente reconhecido como o mais importante do gênero na América Latina. SAIBA MAIS
Valéria Zeidan
Esta percussionista com bacharelado em Música pelo Instituto de Artes da UNESP possui atividade musical diversificada.
Participou de orquestras e grupos camerísticos, espetáculos teatrais, shows de música popular e grupos de música étnica.
Trabalhou nas peças ‘O Rei Lear’ com Paulo Autran, e ‘Péricles – o Príncipe de Tiro’, ambas dirigidas por Ulisses Cruz, e ‘Zabumba’, dirigida por Wanderley Piras. Atualmente, toca também no grupo ‘Fogueira das Rosas’. SAIBA MAIS
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Nossos trabalhos
O Mawaca exemplifica com sua música questões que passam pelo pluralismo cultural.
Assim, vem buscando abrir olhos e ouvidos do seu público sobre questões ligadas a tolerância religiosa e fazer compreender as diferenças étnicas entre os povos, seja ele o homem indígena do norte do Brasil, o muçulmano árabe ou o refugiado africano, assim como as questões femininas sempre presentes no universo sonoro do grupo.
Lançado em 2013, o projeto mais recente do Mawaca é o CD-DVD Inquilinos do Mundo, que apresenta repertório de temas de povos ciganos, nômades, migrantes, exilados e refugiados.
‘Inquilinos do Mundo’ é uma das produções mais audaciosas do Mawaca. Foi gravado ao vivo no Estúdio NaCena, em São Paulo; contou com a produção musical do músico finlandês Pekka Lehti; foi mixado e masterizado no Finnvox, na Finlândia; e as imagens do DVD foram dirigidas por Olindo Estevam da Paiol Filmes, sempre com a direção musical de Magda Pucci.
Ouça o CD-DVD ‘Inquilinos do Mundo’ com as letras das músicas
Entre seus últimos trabalhos, destaca-se também o DVD Rupestres Sonoros, voltado para os cantos indígenas da Amazônia.
Gravado no Auditório Ibirapuera, em 2008, ‘Rupestres Sonoros’ é a nossa homenagem aos índios do Brasil, cuja diversidade musical ainda é pouco conhecida do público brasileiro.
O grupo enveredou por uma ‘arqueologia musical’ dos rupestres brasileiros, entendendo que o homem pré-histórico daqui é o índio que dança, que faz seus rituais, que participa de festas, que caça, que bebe chicha, que namora, que pinta o corpo com urucum, que se adorna com colares e cocares, e que se reporta aos seres do céu, do ar e da terra.
Magda Pucci, diretora musical do grupo, buscou conexões entre a arte rupestre e os indígenas, a partir de seu universo simbólico e artístico. Em menos de dois meses, o álbum chegou ao quarto lugar no World Music Charts da Europa, um ranking de grande respeito do que se toca nas rádios europeias.
VEJA O DOCUMENTÁRIO
Outro trabalho de destaque na carreira do Mawaca é o DVD Ikebanas Musicais, o terceiro da carreira da banda.
Lançado em 2012 no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, esse trabalho relaciona a arte milenar das ikebanas com o processo da criação sobre canções tradicionais japonesas.
Na composição dos arranjos, a diretora musical Magda Pucci procura criar tramas com detalhes sutis como citações de trechos de músicas brasileiras sugeridos pelas harmonias modais das canções japonesas ou com a fusão entre instrumentos ocidentais e orientais como o koto, o shamisen, o sakuhachi e o taiko com a flauta transversal, o acordeom, o saxofone, o vibrafone e outros instrumentos ocidentais.
Mawaca para crianças
O grupo inovou também com o espetáculo infantil ‘Pelo Mundo com Mawaca’, baseado no livro ‘De todos os cantos do mundo’, escrito por Magda Pucci e Heloisa Prieto.
Com cenário e bonecos criados pelo Núcleo Fora da Ordem, esse show convida o público infantil e adulto para uma grande viagem por vários lugares do mundo como França, Albânia, Tanzânia, Índia, Portugal, Israel e Brasil, criando assim uma verdadeira trama de sons e fios de histórias que se entrelaçam durante todo o espetáculo.
Como se estivessem viajando pelo mundo, as cantoras alinham canções com histórias ou comentários relativos aos diversos contextos que surgem desse repertório musical multifacetado. O show para crianças vem obtendo excelente repercussão na mídia e nas suas diversas apresentações.
Desde o canto medieval francês D´ous viens tu bergère?, até a animada Eh Boi!, do norte do país, o grupo passeia também por uma canção em suaíli, por uma dança portuguesa, um canto indígena da Amazônia, uma oração à deusa Kali e uma dança circular hebraica. Com repertório multicultural, ‘Pelo mundo com Mawaca oferece um leque de possibilidades sonoras e conteúdos para as crianças.
“O que foi muito legal nesse projeto é que a gente descobriu que o repertório do Mawaca tem muito do universo do que as crianças curtem. Ao longo da carreira do grupo, vimos que tinham algumas canções em particular que elas curtiam”, descrece Magda Pucci, diretora musical do Mawaca.
Confira entrevista da diretora musical do Mawaca no Estadão sobre o show infantil do grupo.
As crianças fãs do Mawaca contam também com o livro ‘ De todos os cantos do mundo’, obra em que as canções do grupo transformaram em tema nesse livro editado pela Companhia das Letrinhas.
Com textos de Heloísa Prieto e Magda Pucci, o livro apresenta as histórias das canções do grupo como ‘Arenita Azul’, ‘Hotaru Koi’, ‘Cangoma’, ‘Eh Boi!’, ‘Zemer Atik’, entre outras que marcaram a carreira da banda.
Ao perceber um interesse crescente das crianças pelo repertório do Mawaca, as autoras desenvolveram esse projeto específico para os pequenos que agora poderão se enveredar pelas culturas de vários países que inspiram a pesquisa e o trabalho do grupo como Irlanda, Japão, México, França, Portugal, Bulgária, Brasil e Israel.
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Mas o que significa ‘Mawaca’?
A pluralidade étnica característica do repertório do Mawaca começa com a escolha de seu nome.
Em 1995, quando procurava um termo que definisse o espírito daquele projeto musical que estava por vir, a diretora musical Magda Pucci encontrou estampada no The New Oxford Companion to Music a palavra mawaka (com “k”) que, na língua Hausa, significa cantores.
No entanto, a escolha de um termo africano poderia limitar a imagem do grupo, cujo repertório não se restringe a músicas do continente negro.
As pesquisas seguiram e Magda descobriu que aquele termo do norte da Nigéria apontava para diversas outras culturas.
Na América Latina hispânica, Umawak’a é o lugar sagrado das águas andinas. No norte da Argentina, há a famosa Quebrada de Humahuaca, um vale estreito e montanhoso de 155 km de extensão que serviu de rota para caravanas do Império Inca no século XV, na província de Jujuy.
Também em nosso continente, a palavra Amawaca (ou Amahuaca) aparece para designar o povo indígena que vive na fronteira com o Peru, às margens do Orinoco. Já os índios Mehinaku do Xingu acreditam que ‘waka’ são os mensageiros entre as aldeias.
Na língua japonesa, pode ser interpretado como canto sagrado, canto em harmonia ou porta para a criação da arte de fazer poemas.
Diante de tantos significados e possibilidades linguísticas, o grupo troca o “k” pelo “c”, abrasileirando a grafia do termo, e firma seu nome definitivo MAWACA com o desejo de que todos esses sentidos inspirem sua música.
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